quinta-feira, 22 de abril de 2010

ARY BARROSO

7/11/1903, Ubá (MG)
9/2/1964, Rio de Janeiro (RJ)

Ary Evangelista Barroso, filho de João Evangelista Barroso e Angelina de Resende Barroso, fica órfão ainda menino e passa a ser criado pela avó, Gabriela Augusta de Rezende, e pela tia, Rita, que o ensina a tocar piano.

Aos 12 anos, começa a trabalhar como pianista auxiliar no cine Ideal, em Ubá. Aos 17, recebe uma herança do tio Sabino Barroso, ex-ministro da Fazenda, e muda-se para o Rio de Janeiro com a intenção de estudar advocacia. Começa a faculdade, mas acaba gastando todo o dinheiro em restaurantes, bebidas e roupas.

No ano seguinte, é reprovado e, já sem dinheiro, tem de trabalhar: faz fundo musical para filmes mudos no cine Íris, no largo da Carioca. Em 1923, passa a tocar com a orquestra do maestro Sebastião Cirino, na sala de espera do teatro Carlos Gomes.

Em 1926, Ary consegue voltar para o curso de direito, mas não abandona a atividade de pianista, oferecendo-se para tocar em bailes e festas. Dois anos depois, é contratado pela orquestra do maestro Spina, de São Paulo, para uma temporada em Santos e Poços de Caldas. Durante os oito meses de viagem, compõe várias músicas.

Volta para o Rio em 1929. "Vamos Deixar de Intimidade" é gravada pelo amigo e colega de faculdade Mário Reis e transforma-se no primeiro sucesso de Ary Barroso. Ele conclui o curso de direito e compõe a marcha "Dá Nela". Inscrita no concurso de músicas carnavalescas da Casa Edison para o Carnaval de 1930, a música obtém o primeiro lugar. Com o prêmio (cinco contos de réis), Ary paga algumas dívidas e se casa com Ivone Belfort de Arantes.

Em 1931, produz várias composições para o teatro musicado. Em junho daquele ano, o teatro Recreio encena a revista "É do Balacobaco". A música "Na Grota Funda", de Ary, com letra do caricaturista J. Carlos, é parte do espetáculo. Na estréia, Lamartine Babo, encantado com a música, resolve escrever outra letra para a melodia. Assim nasce "No Rancho Fundo", lançada dias depois no programa que Lamartine comandava na Rádio Educadora do Rio.

Em 1932, Renato Murce convida Ary para trabalhar na Rádio Philips. Além de pianista, Ary se torna locutor esportivo, humorista e animador. Em 1934, depois de ter ido à Bahia como pianista da orquestra de Napoleão Tavares, ele cria na Rádio Cosmos (São Paulo) o programa "Hora H". Compõe "Na Batucada da Vida" (regravada por Elis Regina em 1974).

No ano seguinte, leva seu programa para a Rádio Cruzeiro do Sul (Rio de Janeiro) e compõe "Inquietação", lançada por Sílvio Caldas naquele ano (e regravada por Gal Costa em 1980).

Em 1937, Ary lança outro programa na Cruzeiro do Sul: "Calouros em Desfile" (que, nos anos 1950, será levado para a TV Tupi). O programa exige que os candidatos cantem somente música brasileira e anunciem o nome dos compositores. Nele se apresentarão, entre outros, Angela Maria e Lúcio Alves.

Ary estréia na Rádio Tupi em 1938, como comentarista, humorista, ator e locutor. Compõe "Na Baixa do Sapateiro" (gravada por Carmen Miranda) e chama a atenção do mundo com a trilha sonora do desenho animado "Você Já Foi à Bahia?", de Walt Disney.

"Aquarela do Brasil" é lançada em 1939 no espetáculo "Joujoux et Balangandans", de Henrique Pongetti. Aquele samba-exaltação, de melodia extensa, apoiado em grande orquestra, conquista o mercado internacional e faz sucesso no Brasil na gravação de Francisco Alves. Ele abre com estes versos, dentre os mais famosos da música popular brasileira: "Brasil/ Meu Brasil brasileiro/ Meu mulato inzoneiro/ Vou cantar-te nos meus versos/ O Brasil, samba que dá/ Bamboleio que faz gingar/ O Brasil do meu amor/ Terra de Nosso Senhor/ Brasil!/ Brasil!/ Pra mim./ Pra mim."

Em 1944, Ary vai conhecer os EUA e compõe "Rio de Janeiro" para o filme "Brasil". Fica oito meses lá, ganhando mil dólares por semana e compondo a canção-tema do filme "Três Garotas de Azul". No ano seguinte, volta à América do Norte para musicar o filme "O Trono das Amazonas", que teria 18 composições suas mas não chega a ser concluído (por causa da morte do produtor).

Nas eleições de 1946, candidata-se a vereador na Guanabara pela União Democrática Nacional (UDN) e tem a segunda maior votação da Câmara do então Distrito Federal (só perde para Carlos Lacerda). Em seguida, participa ativamente da escolha do local onde se construirá o Maracanã.

Aurora Miranda (irmã de Carmen) grava "Risque" em 1952, mas é na voz de Linda Baptista que esse samba-canção obterá sucesso. Naquele mesmo ano, Ary compõe "Folha Morta", gravada por Dalva de Oliveira em Londres (para a Odeon) e lançada no Brasil com estrondoso sucesso. Quatro anos depois, a música é regravada por Jamelão, na Continental.

A princípio, Ary Barroso não gosta da Bossa Nova, mas isso não o impedirá de colocar "A Felicidade" (Tom Jobim e Vinicius de Moraes) entre as dez melhores músicas populares de todos os tempos.

Ary Barroso e Heitor Villa-Lobos se encontram no palácio do Catete em 1955, para receber a Ordem do Mérito, concedida pelo presidente Café Filho. Em 1957, Ary é homenageado com o espetáculo "Mr. Samba", produzido por Carlos Machado e montado na boate Night and Day (Rio de Janeiro); o roteiro faz alusão à biografia de Ary, utilizando as próprias composições dele.

Em 1961, Ary adoece de cirrose hepática e vai morar num sítio em Araras (RJ). No ano seguinte, parcialmente restabelecido, retoma o programa "Encontro com Ary" (TV Tupi), transmitido aos domingos. Em 1963, é internado com nova crise de cirrose. Recupera-se no Natal, mas volta a ser internado e morre na noite de 9 de fevereiro de 1964, um domingo de Carnaval, no momento em que a escola de samba Império Serrano entra na avenida com o enredo "Aquarela do Brasil". Em homenagem ao compositor, faz-se um minuto de silêncio.
Fonte.: Uol Educação

 

Um comentário:

  1. Oi,
    Encontrei esse post enquanto procurava conteúdos sobre Ary Barroso. Bem bacana!
    Abraços,
    Lu Oliveira
    www.luoliveiraoficial.com.br

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