quinta-feira, 22 de abril de 2010

CYRO MONTEIRO

Cyro Monteiro nasceu no Rio de Janeiro, em 28.5.1913, na Estação do Rocha, sendo o quarto de nove irmãos, todos com nomes começados com "C". Era sobrinho do grande pianista de samba Nonô (Romualdo Peixoto) e tio de Cauby Peixoto. Passou a infância e a juventude em Niterói. Cantava em festas e rodas de amigos. Fazia dueto com seu irmão Careno, inspirados na dupla Sylvio Caldas-Luiz Barbosa. Numa emergência, já que conhecia todo o repertório deles, a pedido do próprio Sylvio, foi substituir Luiz Barbosa num programa da Rádio Educadora. Isso em 1933. Preferiu, porém, voltar a Niterói, não desfazer a dupla com o irmão e não deixar seu ambiente!

No ano seguinte, foi levado para um teste na Rádio Mayrink Veiga. Aprovado, foi escalado para um programa diurno, mas logo subiria para os noturnos, com Carmen Miranda, Francisco Alves, Mário Reis, Custódio Mesquita, Noel Rosa, Gastão Formenti e outros cartazes. Se Luiz Barbosa marcava o ritmo no chapéu de palha, e Joel de Almeida foi seu seguidor, Cyro descobriu na caixa de fósforo sua característica "instrumental".

Grava seu primeiro disco na Odeon, para o carnaval de 1936, com sambas Vê Se Desguia e Perdoa, sem maior repercussão, mesmo porque o ano foi concorridíssimo. Em 1937, por encomenda, para promoção da festa da Uva de Jundiaí, grava dois discos particulares na R.C.A. Victor. Finalmente, em meados de 1938, grava o samba Se Acaso Você Chegasse (Lupicínio Rodrigues-Felisberto Martins), que abre o caminho para ele e Lupicínio. Era seu primeiro disco na R.C.A. Victor. Cyro tinha voz, ritmo, sabia modular e improvisar. Notável também era sua capacidade de fazer amigos, mercê do seu calor humano e infinita bondade.

"Uma criatura de qualidades tão raras que eu acho deplorável qualquer de seus amigos não se haver dito, num dia de humildade, que gostaria de ser Cyro Monteiro. Pois Cyro, pra lá do cantor e do homem excepcional, é um grande abraço em toda a humanidade. "(Vinícius de Moraes, contracapa de Senhor Samba, Colúmbia Lp. 37.190, 1961).

"Formigão" para os amigos, e "O Cantor das Mil e uma Fãs", para todos os seus admiradores, torcedor do Flamengo, mas um flamenguista de que até os "adversários" gostavam, faleceu no Rio, em 13.7.1973, com 60 anos. Foi sepultado, com grande acompanhamento, no São João Batista, "ao som da marcha do Flamengo, cantada por integrantes da torcida jovem, coberto com a bandeira do clube e da Estação Primeira de Mangueira".

"Um desfalque que a bossa de nenhum outro cantor poderia jamais preencher. (...) O sobrinho de Nonô, de quem Vinícius pedia a bênção, demonstrou, ao longo de toda a sua carreira artística, fidelidade absoluta à espécie de música que abraçou, desde o princípio." (Mário Leônidas Casanova).

Esta biografia foi publicada inicialmente no site de um dos mais importantes projetos culturais de preservação de nossa memória, o Selo Revivendo



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